sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Aqueles dias do ser estudante

Estava hoje mergulhada em recordações em fotos e lembranças. A noite de ontem foi dura… todo o dia o foi. O fracasso de uma luta constante de trabalhos, frequências, apresentações, séries de frustrações de quem tenta dar o melhor de si e nem sempre consegue fazer nem metade e simplesmente se torna impossível, até desumano chegar a todo o lado; culminaria num processo de escape à realidade. Os copos seguidos de outros copos amontoaram-se em cima da mesa, as razões plausíveis e as que só o eram porque sim, levaram ao delírio, à liberdade àquela sensação de k se tem tudo e não nos falta mais nada, ou pelo menos nos falta muito pouco. A constante onda de delírio não só nos faz sentir bem, também nos traz à memoria, quando o estado para ai tende, a ausência de tantas coisas necessárias e da qual depende a nossa existência, mas k afinal estão tão distantes. Não são todos os dias k se fazem lembra, ou pelo menos com a mesma intensidade, com a mesma frustração de não as poder ter. E é ai k tudo cai por terra, toda a alegria se torna em saudade. Saudade aquela saudade de quem já se acostumou com ela, mas k cada vez mais não a sabe controlar. E ela cresce, cada dia, cada lembrança, cada minuto de aflição, de desespero, nos faz querer tudo aquilo k sabemos k poderíamos ter se aqui não estivéssemos, se estivéssemos em casa. A nossa casa. Aquela que nos abriga e nos dá tudo, sem sequer nos poder dar nada. Que nos abraça quando chegamos numa sexta-feira a noite cansados da viagem que nunca mais terminava. Aquela que deixamos no domingo com uma lágrima no canto do olho. Aqueles que nela moram que acenam quando se afastamos, e ai choramos no longo caminho k temos pela frente e a maior vontade é apenas ficar. Por mais vezes k já o tenha feito, é sempre uma nova sensação, desde aquele dia em k aquelas pessoas tão importantes nos deixam com tudo o que temos nas mãos, mas que no fundo não e nada comparado com aquilo k temos no coração; e simplesmente os vimos partir lentamente de lágrimas nos olhos, tomados pela realidade de quem deixou ali toda a sua criação, o seu menino completamente à mercê de todo o mal do mundo e sem qualquer hipótese de o proteger. E acenamos, querendo mais que tudo voltar com eles, querendo mais que tudo que não chegue a hora de partirem. No dia seguinte tudo muda, não conheces ninguém, ninguém te conhece, não sabes onde vives, já não sabes onde estudas, qual é a tua casa, quem são as pessoas que lá estão? E ai sentes-te a pessoa mais sozinha do mundo, e ai não tens nada. Podes ligar a alguém? Podes! Podes falar com alguém? Podes! Nunca será igual, as palavras amarguradas de um lado e de outro, puxam as lágrimas k ano podem cair. Temos k estar bem, temos k nos estar a sentir bem, eles não podem pensar que estamos mal, seria ainda pior para eles. Quando a voz do outro lado se cala, ai volta toda a solidão outra vez, pior, volta acrescida de mais saudade e mais vontade de fugir para o colo da mama. Voltar a ser a menina do papa. E os dias seguem, as semanas, os meses, anos ate. E pensas, que esta a melhor, conheces pessoas novas e já são muito importantes para ti. E pensas que as pessoas antigas vão perdendo importância na tua vida. Mas não perdem, pelo contrario, ganham cada vez um espaço maior.
São estes os dias mais profundos dos estudantes. Não acredito que haja alguém k não se identifique com eles. Todos nós o sentimos.

Chuva de Verão


Santarém acordou
Entre colinas nasceu
Sua alma despontou
Com um beijo que o Tejo deu

Cidade encantada
Muralhas banhadas pelo vento
Sem saber és a morada
De uma alma em sofrimento

És chuva de Verão
Que em meu peito desperta
A certeza desse instante
Que corre para parte incerta
E a sina de estudante
Que em ti vagueia
Não é mais que uma lágrima
Perdida numa cheia

Santarém adormece
Com o espirito de um Tuno
O seu canto é uma prece
Que corre todo o mundo

Trago a tristeza comigo
Jamais te irei esquecer
Tu que foste o meu abrigo
E me ensinaste a viver



Scalabituna (Tuna Académica de Santarém)